porque todos pensamos na justa luta do bicho da fruta... mas uns mais do que outros



fotografia de anette pehrsson

a cat decidiu sair da sua maçã e presentear-nos com as suas reflexões num tom que lhe é sempre tão natural e que nos faz sentir numa mesa de café a conversar e a fazer as mais diversas conjecturas. vários anos de luta minha (e  dela sobretudo) para que este espaço surgisse, e aí está - uma justa luta.
"Num país em que, mais coisa menos coisa, tudo continua "na mesma como a lesma", nada parece mais lógico do que apelar para "a justa luta do bicho-da-fruta".
Sendo o bicho-da-fruta uma metáfora do cidadão comum, cujo quotidiano parece não ter qualquer reflexo no panorama geral, desenganem-se aqueles que, pelas conotações políticas do título do blog, pensaram tratar-se de uma qualquer afirmação ideológica.
É antes uma apologia das realidades comezinhas: esta é a minha maçã, sem pretensões."*

 

Os discos de metal é cum cada capa


Aqui em baixo repousa uma matriz 4x5 cujas colunas são excertos imagéticos não manipulados, importados directamente das listas em real time dos melhores álbuns
de uma mão cheia de sub-géneros mais ou menos musicais editados após o bug do milénio. Melhores segundo os utilizadores disto. Da esquerda para a direita: chillwave, gangsta rap, black metal, twee pop, death metal.


Isto aqui tem o seu interesse, que são dois, para além do terceiro, que é essa estória da ilustração de um facto que não saberei interpretar em condições nem tentando. O primeiro e primário é ser a coisa mais informativa a nível musical pop (falta a propriedade intelectual das canções, mas isso só os perfeccionistas (pensa na palavra mais adequada para isto que quero dizer, por favor) é que precisam de estar constantemente a aprender), pelo menos no que regarda à pop, que creio ter encontrado quer na net quer na first life em geral. Depois, este sítio tem o secundário interesse de ser um excelente fornecedor de curiosidades. Por exemplo, fiquei a saber que o mundo (um mundo deveras específico, não o conjunto dos habitantes humanos das terras dos mappae mundi) gosta mais do está bem computador do que dos stone roses*. Na altura abri a página, regardei, engoli, e disse em voz alta: está bem, computador. Mas não :'( .

*Esta parte é perfeitamente quase aleatória. Podia ter escolhido outros conjuntos, como se dizia há o tempo. Mas o está bem computador saltou-me logo à vista quando abri a lista dos melhores de ever (isto dos beatles e das listas uma pessoa já nem repara), e a minha mente, se bem que desautorizada pela minha personalidade um pouco íntegra, procedeu à aplicação da técnica do contraste irrelevante (inventemos coisas destas, é engraçado), que consiste na subtil batota de comparar o objecto da nossa crítica a uma coisa qualquer que possua evidente superioridade não na característica que se pretende avaliar, mas noutra característica qualquer, o mais das vezes estética, que apareça violentamente aos ohos dos debatedores por força das circunstâncias, e assim introduzir subrepticiamente o vírus da confusão subconsciente na avaliação subjectiva que as pessoas fazem da música de que gostam mais ou menos**. Claro que neste caso não há probable cause para a batota, Bunk e McNulty, escusam de ir chatear o juiz, porque tudo o que eu fiz foi escolher um conjunto, não houve manipulação das circunstâncias. Eu não tenho culpa que o Tomás e os amigos tenham decidido arranjar nome para o seu conjunto num dia em que estavam ressacados e os pratos limpos já eram (provavelmente alguém se lembrou de cabeça de pila e a discussão partiu daí e só durou 2 minutos), nem que a inspiração tenha vindo do céu direitinha à cabeça de um dos futuros stone roses na altura em que trataram dessa complicada tarefa.

**Quiçá muitos idiotas desconsideraram as fantásticas exibiçõess do Petit e a inteligência do seu futebol porque as discutiam enquanto ele era entrevistado na flashinterview, e falo do seu falar.

When I was a miúdo, nós outros os kids brincávamos na rua e arranjávamos numerosas nódoas negras novas todos os dias, but those were my nódoas negras



When I was a kid, my friends and I had these single-tape recorders-- this was before dual-cassette recorders. They were like Dictaphones. So we took our one copy of Thriller on cassette and put it into one player and then put a blank tape into another one, put them on top of each other and hit record. We would sit there the whole time and then listen to it over and over-- there would be dogs barking and parents talking and little kids telling each other to shut up in the background. It sounded terrible, but that was my copy.

Hamilton Leithauser



Voltava para casa e os meus progenitores fingiam que não se assustavam com o meu aspecto, ao passo que os meus siblings não fingiam que se assustavam porque eram, um(a) e outro(a), infantilmente inconsciente e aindamente inexistente, respectivamente (oculto géneros e temperamentos, os humores matinais e pré-repasto de cada um(a) ficam com quem os pratica, como anunciou Confúcio ou Sun Tzu ou outro deus chinês).

Contra o meu tentative princípio de bola prá frente, detenho-me dia sim semana não a imaginar que estranhas alegrias trarão o ano de 2010 e arredores aos putos de hoje e amanhã de manhã. Ja não se vê disto em tamanho 6 ou 8. Isto do bola prá frente, que não tem nada que ver com futebol - o futebol é mais complicado, não há princípios nem ditados correntemente futebolizáveis pelos comentadores da sporttv (apanha-se mais ou menos aqui com uma antena internet) que possuam a virtude da inteligência, como sol na eira e chuva no nabal ou olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço, apenas a virtude da estupidez, como quem não mata morre ou não há duas sem três - é só um princípio
, não serve para meio nem para fim.

Um dos cenouras da foto (da autoria, esta sim, da internet), o que veste vermelho, merece toda a atenção eventualmente dedicada ao post ou ao OE 2011. Em puto tive uma bola Mitre, como a cabeceada pelo outro cenoura, que trouxe muita alegria ao nosso lar.

kinda miss u guys



fiquem lá chateados com as fotos. não me importo.


ontem, chegou esta prenda por email


fotografia da autoria de a.

(obrigada!)


fotografia de
Ye Rin Mok


Um passo após o outro, desencanto com desencanto alimentado, percorres a tua memória, derivas pelas carruagens de um comboio vazio de gente. Não chegarás a casa, pressentes não ser expectável que chegues. Lês as letras no pedaço de papel que encontraste no bolso.
“Verás o ponteiro do relógio na parede. Conheço o teu nome.”
Não sabes se é uma carta, se é parte de um milagre por acontecer, se é o medo, a ganhar corpo, da resposta que te pode despojar de ti próprio. Desconheces se aquelas letras são a convicção de que um disparo da tua alma pode rasgar o silêncio da noite, iluminar um céu que não queres ver, destruir o metrónomo selvagem das rodas nos carris em curva larga. Se for uma carta e se for para ti, sentir-te-ás tentado a pensar que falhaste, talvez. Não te lembras de como foste ter ali, de como chegaste a ti próprio, estando tão escuro. Nem sabes o teu nome e jurarias que nunca o soubeste. E, se aquele papel fala verdade, alguém está à tua espera, alguém que te conhece ou espera algo de ti aguarda que chegues ao fim dessa quase-noite. Senta-se esse alguém num banco de estação. A tinta velha do banco tende a colar-se à roupa dos que nele descansam, ou esperam. Levantar-se-á, esse alguém, com a calma de quem sabe que as profecias se cumprem. Ouvirás o teu nome murmurado ao ouvido e sentirás que é o mais próximo de Casa que terás. E verás tudo, nessa casa, como se tudo te fosse familiar. Percorrerás, com o mesmo método com que erras pela tua memória, as paredes de cor suave, as enigmáticas andorinhas de louça a esvoaçar perto do tecto, a tinta da parede a colar-se às andorinhas se elas quisessem sair, o armário com portas de vidro de onde miniaturas de sentinelas vigiam nem sabes bem o quê.
Nunca soubeste nada sobre as viagens que empreendes. Sei, e digo-te, que o nunca é demasiado mas és tu.
Na parede, o relógio ficará parado porque o medo se vai dissipando, porque abres a janela, porque os relógios param e o tempo também, aqui e no fim do mundo, seja este onde for.

Baudolino


P.S. - Este texto é da autoria de um convidado
, vencedor entre milhares, escolhido a dedo para dar outra cor (verdocas, aparentemente) a esta casa. Outros convidados se seguirão, em podendo e em querendo. Ao Baudolino, grazie mille e muchas gracias. É uma honra.

P.S.2. - A fotografia foi escolhida pela equipa residente sem conhecimento prévio do autor, e é da autoria da internet.


são muitas as vezes em que penso nisto...



questiono a minha posição, tiro conclusões. e é bom ver algumas delas tão bem colocadas:


«(...) Likewise, the fad for lap-dancing classes. Ah, they're a good workout, 'they' say. They strengthen stomach muscles and tone buttocks. And they put men firmly in their place: sitting down, supplicant, needy, desperate. My (wobbly) arse. No woman should need to learn how to bump and grind inches from a man's crotch to show her worth or potency. And, ladies, any man who does need that from you, frankly, isn't worth having. He's not a keeper. He's pathetic. And probably a pervert. It's not women fault. It's a sad reflection on modern society that some women still feel the need to commodify their sexuality to feel empowered.

(...)Lady Gaga and Jordan [Katie Price] are not real women; they don't even have real names. They are maestroes of reinvention. It is an act. For the average young woman on the street, how about focusing on intervention rather than reinvention? That is be clever, and innovative, and coolly sure of yourself and your own, natural- born attributes.

(...) There's nothing more intoxicating to a real man than a woman who's genuine. Who knows her own mind, her own attributes, who is aware of - and accepting of -her own flaws. A woman who is authentically sexy. Those are attributes you can believe in. And those are incredible powerful forces. A strong man will like a strong woman. That way lies genuine empowerment, and it flows both ways.»


Artigo de Craig McLean: 'Are you as empowered as you think?' in ELLE Reino Unido (10/2010)



A Vitória acerta sempre


Admito outras prioridades (quem sou eu), mas para mim o Glorioso está longe de ser uma das coisas mais importantes do Mundo (apesar de ser das melhores e mais bonitas, para não falar das mais Gloriosas). De qualquer forma, quer-me parecer que a saúde mental de um benfiquista depende pouco da importância que dá ao Benfica e muito do reconhecimento de que há coisas mais importantes (para o Mundo). Ou seja, mesmo aqueles que se lembram do nome de todos os jogadores de todos os plantéis desde 1950, ou até de cada um dos penalties por marcar a favor do Benfica nas últimas 7 jornadas, mas não sabem quem é o Presidente da República ou em que mês estamos, serão sensatos se reconhecerem que a situação económica é mais importante para o país do que a situação apitocómica.

Vem isto a propósito de dois recentes acontecimentos. O primeiro não passa de mais um momento de palhaçada como estratégia de confronto (ao lado de Mourinho circa 2004, o actual mister dos andrades parece um senhor). Cada um sabe de si, e não deixa de ser um sinal de dedicacão e esforço que alguém se disponha a fazer figura de urso pelos "seus". A estratégia é antiga e já deu muitos frutos, e é o tipo de merdas que faz com que no dia 7 de Novembro (ou por aí) a vitória saiba melhor ou a derrota pior.

O segundo acontecimento não é um momento de palhaçada, muito menos de cobardia. Nao viria mal nenhum ao mundo benfiquista se os benfiquistas percebessem que há coisas que não se fazem, porque mexem com direitos mais importantes do que o direito a não ser prejudicado pelos árbitros. O que as escutas provam ou deixam de provar é com os tribunais. Ainda para mais nada disto é novo e ninguém precisa de ser ensinado. Pode-se fazer alguma coisa (isto não dá jeito), não jogar no Dragão e na Choupana, por exemplo, ou até não jogar fora em lado nenhum, mas sempre com custos para o Benfica. Mas o mais importante cabe (caberia) aos que se deixam comandar por alguém que foi condenado por tentar corromper árbitros e não recorreu, que se serve da cidade e da região, prejudicando-as (ao misturar futebol e descentralização, por exemplo), e que, tão contestátario em certas alturas, cala a boca pondo outros clubes à frente do seu próprio clube se isso prejudicar o Glorioso. Acredito que se alguma coisa parecida se passasse no "salazarista" Benfica, no mínimo apareceria alguém a concorrer à presidência.

Não sou sócio e não mando nada, mas na minha opinião é deixar andar, que a vergonha há de vir ao de cima, e se não vier o Aimar e o Coentrão continuam a jogar à bola e a Vitória continua a fazer isto:



Ah, antes que me esqueça: