Não é sempre assim. Já houve ligas dos campeões que não envergonham ninguém. E vê-se bem que o Pepe não tocou no Alves.

Tira a mãozinha daí, eu sei que é bom mas não é para ti


A minha memória futebolística atingiu há uns meses a maioridade. Lembro-me de muitos bons jogadores dos últimos 18 anos (mal fora): Veloso, Mozer, Neno, Schwarz, Futre, Paneira, Hélder, Isaías, Valdo,
Paulo Bento, Amaral, Edilson, Nuno Gomes, Enke, João Tomás, Van Hooijdonk, Meira, Marchena, Miguel, Mantorras, Simão, Luisão, Petit, Tiago, Leo, Karagounis, Katsouranis, Super Maxi, Tacuara, David Luiz, Angelito, Carlos Martins, Saviola, Javi e Sálvio.

Também tivemos (demasiadas) anedotas, sobretudo durante o período negro de 1997-2001: Paulo Madeira, Harkness, Pringle, Tote, Machairidis, Rojas, Bossio, Escalona, Andrade (este nem precisava de ter sido tamanha nódoa, com este nome só se fosse o Messi), Pesaresi, Cristiano, Beto, Balboa, Luís Filipe e outros (enfim, já chega). E tivemos os piores jogadores do Mundo: Paulo Sousa, Pacheco, Kulkov, Yuran, Panduru, Maniche, Jankauskas, Sokota e Cebola.

Depois tivemos alguns excelentes: João Pinto,
Ricardo Gomes, Gamarra, Poborsky, Ramires, incluindo pelo menos dois que foram ou são os melhores do mundo nas suas posições, Preud'homme e Coentrão, e tivemos alguns daqueles tipos muito raros que quando pegam na bola fazem do Tsubasa e amigos gajos normais, como Miccoli e Gaitán. Por fim, tivemos uns poucos que, mais do que jogadores à Benfica, foram e são o Benfica no campo (fora do campo há muito quem o seja, e cuidado, isto é um link para o melhor tutubo de sempre), o último dos quais Coentrão. Mas "só" tivemos dois destes:



e para estes não há categorias.

"One silly bear said to the other silly bear: Where'd you get that honey, that honey so sweet?"


Embora esteja,
felizmente, muito longe de ser uma pessoa experimentada, vivida, e sabida, já comi há muito toda a sopa que era preciso para saber que há duas actividades às quais os artolas que se acham mais capazes do que os outros por serem tão melhores que os outros se dedicam com frequência.

Uma é o ridículo ("depois de mim é que outros foram atraídos por o Algarve", as vacas avançavam uma atrás das outras, se encostavam no robot, e se sentiam deliciadas enquanto ele, durante cerca de 6, 7 minutos, realizava a ordenha", "como ela está sempre ao meu lado e não atrás, merece a minha ajuda", "já viu uma criança a correr atrás de uma galinha para apanhar um pedacito de pão que levava no bico", "dêem-me um tiro na cabeça"). É um sinal da força surpreendentemente inclusiva e bondosa da democracia que palermas que certamente eram gozados na escola todos os dias cheguem tão longe (a democracia também faz bem ao mundo por recompensar frequentemente pessoas não democratas, e isto faz parte deste texto também, claro - o parêntesis é só uma forma preguiçosa e ignorante de organizar as merdas).

A outra actividade, que não é bem uma actividade (faltam-me as palavras à medida que se instalam docemente os mots, putain, e a bem dizer o ridículo também não será bem uma actividade, neste caso é mais um vício), é a presumida impunidade, ou a falta de vergonha, ou achar que a moral e as explicações são para os outros, os que não engoliram a vela da profissão de fé e por conseguinte não andam para aí a iluminar o mundo a cada palavra, cada passo, cada postura e cada peido (1,
2, 3). Não quer isto dizer que artolas deste género não queiram o melhor para os outros (o país) - ainda não comi sopa que chegue para começar a questionar os motivos dos outros só porque acho que são palermas. Mais sopa teria ainda que comer para querer fazer passar a ideia de que sabia o que se ia passar ou de que se estava mesmo a ver. Só não me surpreende.




passear por varsóvia

hobbes, florença 2010



avariou há uns dias (o portátil, sim). a verdade é que não posso ver filmes ou ouvir música. não posso trabalhar com a celeridade que gostaria. sinto-me como se me faltassem as ferramentas para fazer seja o que for, como se tudo dependesse daquela máquina pequenina que de há uns anos para cá fez sempre parte do meu dia a dia.


ainda assim, a verdade é que tenho lido mais e voltei a trabalhar escrevendo à mão. posso dizer que de certa forma me sinto mais livre. (talvez porque facilmente posso recorrer a outro, mas não é a mesma coisa). penso nisto e lembro-me da referência da celine (interpretada pela julie delpy), no before the sunset, a uma viagem que fez (adolescente) a varsóvia, quando ainda era um regime comunista. aquela descrição da liberdade e da calma pela ausência de coisas (anúncios, nada para comprar,...) sempre me seduziu. não sou comunista, não tem a ver com isso. é aquela ideia de varsóvia, cidade de que tanto gostei. o cinzento tão cinzento e as ruas e o rio, a língua. ou a ideia de um sítio no mundo em que nos podemos ouvir de uma forma única, a reflexão. sei lá.


disseram-me que o arranjo demorava até 30 dias. vou tentar passear por varsóvia, ainda que no meu pensamento.



fotografia de p.
lisboa, 2010

 apaixonada pela fotografia, apaixonada pelo fotógrafo. a simbiose perfeita.


há músicas que nos fazem voar (de tão boas que são)


 

*penny and the quarters 'you and me'

Diz-me e eu faço, diz-me e eu digo


Há dois tipos de benfiquistas, os palermas que acham que são melhores do que os portistas e sportinguistas e os outros, e os que sabem que o Benfica é melhor e maior que o fcp e o scp e os outros (aqueles que não pensam nem uma coisa nem outra não são bem benfiquistas). Entre os primeiros há muito quem ache que fazer as coisas à fcp é que é, suponho que por serem dados a certas palermices e/ou porque tem dado resultado para os andrades. O que estes equivocados não percebem é que o Benfica é maior do que isso e que certas manobras só resultam para o fcp porque do outro lado está o Benfica, ou o Benfica e o scp (às vezes) - os gajos encheram o estádio deles para receber o Glorioso no dia em que se o Glorioso não ganhasse o campeonato eles diziam xau xau à Champions, e o Glorioso não ganhou, e eles todos contentes, e isto não vamos ser nunca, nem para o bem(zinho) nem para o péssimo. Por natureza a malta que pensa assim fala mais alto, mas não foi a natureza que a pôs na direcção. Isto não será assim tão simples, e para mim é fácil falar - não sou (ainda) sócio e não me preocupo com as festas dos outros, também porque convivi com elas quase toda a minha vida. Irritaram-me as roubalheiras de Braga e Guimarães, não as derrotas com os andrades - por si só, uma derrota com os andrades não passa para mim de uma oportunidade perdida, e desta vez nem havia nada em jogo.

Mas nem só de palermices se fazem os clubes. A reacção às palermices é também importante, e aquilo que vejo na gloriosa bloga (e não só) é uma geral condenação das bolas de golfe, dos apagões e dessas merdas, mesmo da parte daqueles para quem o Glorioso é roubado em todos os jogos (aqueles que este ano pareceram menos fanáticos do que o costume). Isto contrasta com o comportamento comum dos andrades de calar ou dizer "ah, os do Benfica incendiaram-nos o autocarro uma vez", ou "o vale e azevedo é que foi condenado". Quer isto dizer que os portistas são a favor das bolas de golfe? Não, os portistas são tão boas pessoas como os benfiquistas, até mais se calhar, tendo em conta que há muitos na Invicta e poucos abaixo do Mondego, onde o sol bate forte de mais. A questão é que os andrades sabem há muito o que é bom para o seu clube, o que é fácil porque a história deles aparece dia sim dia não a falar na televisão, quase sempre sobre o Benfica. Os benfiquistas são tantos e tão diferentes que parecem condenados a desperdiçar a vantagem do tamanho à conta da indecisão, da confusão e da asneirada. Até há palermas que acham que a força do mais pequeno pode servir ao maior. Se o Golias (um Golias bom) tivesse pegado numa funda não teria acertado no pequenote do David (um David malvado). Para derrotar o David, teria bastado
ao Golias proteger-se dos calhaus com o braço e acertar-lhe com uma patada. Agora levanta-te, Golias, que quinta-feira há mais, e desta vez não é a feijões.

A propósito, encontrei há uns bons anos a canção que melhor musica o homem apaixonado.

Já chega de música, agora um pouco de bola:


22/09/2010 - O Sporting Gijón perde em Barcelona por 1-0, e Mourinho diz que Preciado facilitou: "Si hay rivales que regalan (al Barça) los partidos, vamos a tener mucho más difícil ganar la Liga". Preciado responde: "Mourinho es un canalla y un mal compañero".

29/11/
2010 - O Real Madrid vai jogar a Barcelona e perde por 5-0, e Preciado perde uma grande oportunidade de se queixar que o Sporting fica mais longe do título porque o Madrid facilitou.

12/02/2011 - O Sporting de Gijón recebe e empata com o Barcelona. Roubar pontos ao Barcelona no campeonato é coisa que o Madrid não faz há quase três anos (7 de Maio de 2008).

02/04/2011 - O Madrid recebe e perde por 0-1 com o Sporting. Isto tem muita graça, assim como será engraçado se a realeza conseguir dar algum troco à barceloneza nas meias da liga dos campeões.

Como se fossem precisas mais razões para gostar do Sporting de Gijón:

(reportagem antiga da CNN sobre as escolinhas dos simbas em que andaram Figo, Cristiano, Simão, Nani e André Santos)











com o FMI à porta vamos fazendo origamis (obrigada amigos), comidas económicas, convivendo e sonhando com dias melhores.