Para que as acções desçam alguém tem de as comprar


Ou então percebo ainda menos disto dos mercados do que o que achava. Nadar faz-me bem aos ouvidos e mal aos olhos, mas carago, entre perder a visão e perder a audição prefiro perder o olfacto, até porque estou a chegar àquela idade, aquela a que chamam adulta, em que até o cheiro das bufas próprias começa a incomodar. Ainda por cima começo a achar que a melhor forma de um gajo saber como é que anda de princípios e de fins é tentar perceber como é que anda de meios. Isto não me ajuda, porque tenho andado numa bicicleta cujo pneu da frente tem tanto ar como um balão de super gorila e como quase sempre com uma colher, e quando é preciso cortar a carne uso os dentes.

Esquerdos, esquerdos, espertos e lerdos, queridos esquerdos, asseados e cerdos, porquê a política da recessão, perguntais. Não sei esquerdos, mas esquerdos, a nossa abébia foi em Dezembro de 1998: 1 euro = 200 pte, e estou em crer que o Guta pegou no formulário e entre câmbio fácil, controlo do BCE ou lugar numa mesa que não a do Chirac escolheu a primeira hipótese (e isto não é assim tão estúpido - os mais esquerdos dos esquerdos têm por vezes dificuldade em reconhecer à (opção pela) facilidade o seu poder benéfico como veículo de bem estar, tão entretidos que estão em pô-la ao serviço de coisas difíceis, ou seja, cogitam dificuldades enquanto vociferam facilidades). Está bem, o Chirac ao menos não comprou ADMs ao Colin Powel. Mas foi tudo sol de pouca dura: passados poucos anos já um puto que morava no meu quarto me perguntava quanto eram 300 paus, 2 contos ou um Simão em euros. Praí 12 milhões. 2.4 milhões, pensava eu. Foda-se que estes marcos abundam, pensava também. É o abundas. Esquerdos, o tempo mostrou-me porque razão poderia valer a pena não comprar dívida do estado a não sei quantos anos a 7%, e agora espero que o tempo me mostre porque razão há quem compre dívida do estado espanhol a não sei quantos anos a 5 % em vez de comprar dívida doutro país da zona euro a 9% ou 15 % ou lá em quantos já vai. Terá talvez isto tudo a ver com a possibilidade de o único estado que temos tentar negociar a reestruturação da sua dívida, no que me parece uma conversa altamente parecida com conversa de SAD, sem no entanto deixar de fazer para mim mais sentido do que outras conversas já maioritárias na sociedade portuguesa. Esta convergência de diferentes sectores da sociedade (as SADs e o fazer sentido) em relação a esta questão parece-me um pequeno prenúncio duma grande merda.

Resumindo e concluindo, sou a favor da publicidade a bancos, mesmo quando se trata duma comovente charupada:




Daqui, ou não fosse hoje quinta-feira.


E agora Jeans-Claudes?


Jean-Claude Juncker

Agora? Agora pega-se neste dedo e ...

Jean-Claude Trichet

Não! Este dedo.

Jean-Claude Van Damme

Hmmm...

O polegar, ha ha ha.

Grandes tintins tem o Passos Coelho para mandar o governo abaixo.

Mas terá alavanca para erguer o país?

Deixa cá ver...

Não vejo nada.

O quê Miguel Relvas? Assim?

Não Miguel, é mais assim.

Coitados dos portugueses! Não te rias... não te rias... não te rias...

Mas que par de tintins tem o Pedro!

Este dedo!

Foi o que eu disse!

Cala-te.


A merdoca acima exposta foi descaradamente influenciada por esta obra-prima.


Como diria a Margarida do Conta-me como foi, Ó minha mãezinha, isto das notícias a preto e branco não se percebe um caralhogo.


Deixem jogar o nosso cabeça de songoku


Não vi a flash interview do mister, mas espero bem que ele tenha dedicado esta maravilhosa vitória por 1 a 1 ao comentador do estúpido canal francês W9 que disse pelo menos oito vezes em completa histeria soixante-huitarde as palavras il ne l'a pas touché (não disse o ne) entre o instante em que o Armando quase nos lesionava 30 milhões e muito muito carinho e a primeira assustadora repetição. Cada vez que um Glorioso jogador fazia falta era quase apelidado de burguês, ao contrário era tudo uma questão de contacto fraternal, daqueles contactos que é proibido proibir. Espero que se divirtam a comentar os restantes jogos das equipas francesas nas competições europeias, mais concretamente nas francesas. Continuo a achar os franceses gente simpática. Dão-se é muito a equívocos e pouco a banhos, quer-me parecer. Hoje faltaram as pernas e a vontade para um banho de bola à moda de Marselha,
daqueles que lavam línguas.


a felicidade está num olhar



receita adaptada,daqui .

receita adaptada daqui..

montra em friburgo.

on the road.

cara emprestada daqui.


chegada à invicta e recebida com o tempo que lhe é mais familiar, não consigo deixar de sentir saudades do rapaz lá de casa e dos dias simples, cheios de cumplicidade, dos dias que passaram tão rápido.

a partir de determinado momento, ainda as mão sentiam um receio de se entrelaçarem, soube que a minha casa seria para sempre aquele rapaz. assim, ando por aqui , fazendo pela vida, como cabe às pessoas grandes, sabendo porém que a felicidade está num olhar e num «vai tudo correr bem», porque vai. em scones para o lanche e macarrão com atum. no facto de sermos os dois uns jovens com umas ideias malucas. sim, sermos felizes com o que a vida tiver para nos oferecer, sendo a nossa única certeza, que o enfrentaremos juntos.

勇気!



especially to futoshi, kaori and mio.



Para o ano faz-se assim


Em Junho dá-se a volta ao mundo com as três taças para angariar 30 milhões para comprar o passe do Coentrão e mantê-lo no clube. Depois tira-se o azul bebé das camisolas e faz-se uma camisola alternativa branca. Depois diz-se ao presidente que falar em público faz mal à saúde. Depois diz-se aos jogadores que o campeonato passado foi perdido por muito e muito bem perdido. Depois diz-se aos jogadores e só aos jogadores que a taça dos campeões é para ganhar. Depois mostra-se ao mister as capas dos jornais de Julho de 2010. Depois não se diz aos jornais que não sai ninguém por um valor inferior ao valor da respectiva cláusula de rescisão. Depois pergunta-se ao Sálvio se quer ganhar a taça dos campeões ou acabar no Besiktas a ser goleado semana sim semana não. Se ele não acreditar nisso da taça dos campeões conta-se-lhe as histórias do Di Maria e do Ramires e do Simão, que nisso ele acredita. Depois o Sálvio liga aos colchõesneros a dizer que se eles não o venderem por 7 ou 8 milhões sai de graça no fim do contrato. Depois liga-se a todas as outras grandes equipas da Europa a dizer que o Falcão é um grande jogador e que uma outra grande equipa da Europa, anónima, está a esfregar as mãos de contente porque acha que o vai contratar baratinho, e ilustra-se o baratinho com um número grande e redondo. Se resultar faz-se o mesmo com o Fernando. Se não resultar é porque a ideia é estúpida. Depois se aquilo dos russos e ucranianos gostarem milhões do Cardozo for verdade pergunta-se ao Cardozo se quer ir ganhar mais do que o Pablito ou se quer continuar a levar com bolas de golfe. Se não for verdade tanto melhor, é só trocar de marcador de penaltis. Depois pergunta-se ao Pablito se já desistiu de ganhar a taça dos campeões. Depois contrata-se alguns suplentes, pelo menos para as faixas. Na pré-época o Roberto e o Javi fazem treino específico. Dá-se um capacete ao Javi e uma coquilha ao Roberto e mandam-se uns balões para a pequena área até o Roberto ganhar 100 bolas seguidas. Se isto demorar muito ameaça-se tirar a coquilha ao Roberto.
Depois põe-se 6 suplentes a atacar e 4 titulares a defender, mais o Roberto à baliza. Quem defende não pode fazer faltas. Depois compara-se a taxa de golos nesses treinos com a taxa de golos sofridos em livres de longe na época em curso, faz-se um power point com uma tabela 2x2 com letra a bold e tamanho 80 e mostra-se esse powerpoint aos jogadores antes de todos os treinos e antes de todos os jogos. Durante a época deixa-se os andrades a falar sozinhos e dá-se calmantes à malta quando a malta for jogar a Portimão, Olhão, Braga, Choupana e demais sucursais (a malta são os convocados menos o Gaitán, que não precisa de xanax porque só quer fazer umas fintas). Antes de tomar os calmantes, a malta vê 40 vezes um tutubo com a reacção do Pablito aos carinhos do Bruno Alves na final da taça da liga de 2010 e no fim diz-se à malta quanto é que ficou esse jogo. Depois vai-se para os estádios numa camioneta da Renex e deixa-se a vermelhinha na garagem. Depois manda-se toda a gente para casa à segunda ou terceira bola de golfe seja qual for o resultado e o anfitrião. Não precisaremos desses pontos.

Faz-se assim


Primeiro semeia-se o ódio, o que é fácil, o Benfica está por todo o lado e por isso está sempre à mão. Depois vêm as críticas à nomeação do árbitro, depois as bolas de golfe, depois as entradas mui "leais". Na Luz ninguém leu os livros e passa-se a vida entre a fuga para a frente, a vitimização, a estratégia das alianças estúpidas e a estratégia do confronto mano a mano (tanta burrice). Nas antas ajudaram a traduzi-los (admiravelmente) para a língua da bola. No axa acham-se uns sabões porque leram os primeiros capítulos. Em tempos foi assim no bessa, e, mais recentemente, em alvalade, embora de formas diferentes.
Se querem um vitória para a terra deles (a inveja é tramada), e fazem falta mais vitórias, nao é assim que vão lá.

O Francisco Javier García Fernández até já faz isto com a esquerda



A merda são os direitos adquiridos - para isto andar prá frente só os direitos não adquiridos devem ser protegidos


A estória é engraçada, mas isto vale sobretudo pelas invasões de campo:



Aos 3m45s, os bifes do norte marcam o quarto e, apesar de o Killmarnock ainda estar em desvantagem na eliminatória, hundreds of delighted boys invadem o campo. Uns rodeiam o Cardozo da noite, outros andam só pra lá aos saltos, até que de repente se pisgam
, como se aquilo fosse o recreio e o recreio só durasse meio minuto. Isto tudo enquanto uns poucos polícias entram no relvado a passo, quais espantalhos andantes à espera que a passarada se assuste. Alguns dos putos são pequenos e até há miúdas (ou então são míudos com kilts), pelo que certamente nem todos percebiam porque festejavam. À excepção de uns quantos milhares de Gloriosos acontecimentos, esta invasão é a coisa mais mais que vi num campo de futebol, tirando talvez aquilo do Buba, o central goleador. Este pedaço de passado é o futuro com o qual sonhamos, é uma maravilha: os adultos jogam, os putos fazem merda, os adultos deixam, os putos não abusam e os polícias nem suaram (imagino que um polícia gordo e relaxado transmita mais seguranca aos cidadãos e cidadonas do que um polícia em forma e em alerta). Aos 6m05s os tipos marcam o quinto e a estória repete-se, mas desta vez, talvez porque a eliminatória tinha acabado de virar, juntam-se uns quantos graúdos.

Como já em puto ligava ao Benfica, e em particular ao futebol, é provável que soubesse que o Eintracht Frankfurt existia antes de saber que o período não é só uma parte do ano escolar (as coisas diferentes com o mesmo nome confundiam-me muito em puto, daí este ponto de referência cronológico), mas nunca percebi o nome do clube. Atão, já adulto, peguei e fui ao dicionário, a pensar que os gajos eram o Desportivo de Francoforte ou qualquer coisa do género (não é para me gabar, mas não sei nada de alemão), mas não, são o Concórdia de Francoforte ou o Harmonia de Francoforte. Mais valia Sporting de Francoforte. Tanta harmonia dá nisto e não é por acaso: The nickname Launische Diva (Moody Diva) was heard most often in the early 1990s when the club would easily defeat top teams only to surprisingly lose to lesser clubs.

Também daqui
desta meia dúzia de grandes comebacks, uma estória de 1957:

Huddersfield were doomed to become the only English team to score six times in a league match and lose. Maybe Town's fate had been simply written in the stars, however. At half-time, Summers was forced to change out of his lucky boots after they finally fell to bits. The new ones weren't too shabby, though, helping a notorious left-footer to score all five with his right.


Um dos meus sonhos é ver chegar o dia em que as minhas chuteiras se desfaçam.

E daqui desta meia dúzia de estórias de sucesso pós subida de divisão, nalguns ou em todos os casos também grandes comebacks, uma equipa de malucos:

Brann were formed in 1908 but failed to make an impact in the league until the 1960s. That impact was to prove surreal. In 1959-60, they were relegated from the Hovedserien ('The Main League') only to bounce back the season after. The following two seasons saw them land their first two titles with a team built around winger Roald Jensen, who would later join Heart of Midlothian. Brann's two championship wins would become stand-out achievements all right, as the team dispatched back down to the lower league from whence they came. It was a lunatic five-season run.

Brann didn't leave it there. They later embarked on a manic period as the ultimate yo-yo club, hovering between what had then become the 1.divisjon ("1st Division") and the second eight years in a row, going down and up between 1979 and 1986, since when they have remained in the top flight. For the best part of two decades this was a world record, until Aris in Cyprus managed to bounce up and down ten years in a row between 1997 and 2006.


não, não é assim que as coisas são


fotografia de tiago


sinto-me estranha quando digo que estou sem trabalho ou emprego (como quisermos).

a maior parte das pessoas, eu incluída, assim o entenderia. outras não. nomeadamente, o tipo que interpôs uma acção para o TEDH por considerar que a proibição de trabalho forçado estava a ser violada pelo estado belga por ser obrigado a fazer o estágio para poder ser advogado, e por conseguinte a trabalhar durante um período significativo de borla. este tipo perdeu, mas para bom entendedor meia palavra basta.

toda a gente fala por aí de uma qualquer geração parva em que eu me pareço incluir, mas sobre esta geração parva penso que muito já foi dito e, para mim, o fundamental explicado.

a verdade é que se as horas de trabalho indefinidas, incluindo a ausência de três fins-de-semana num mês, me poderiam incomodar e incomodaram, foi a falta de seriedade que me fez partir de um trabalho (?) para a ausência dele. ou seja, no fundo partir de nada para nada, acrescida a desilusão de ter vestido a camisola como se fosse minha (e quanto a isso pouco posso fazer e nada a lamentar, está-me no acreditar). gosto de dar novas oportunidades e as coisas não estão fáceis no nosso país, por isso, resolvi ser razoável e discutir a questão com a pessoa para quem eu trabalhava (?). a resposta foi um é assim que as coisas são.

o é assim que as coisas são deve funcionar com muita gente e tenho de confessar que quando eu disse que, se era assim que as coisas eram, então não eram para mim, a pessoa ficou muito surpreendida. não tenho nenhum prazer (para além da confirmação de que, de facto, estaria a fazer um bom trabalho) em dizer que não só vi surpresa e estupefacção mas também a noção de dado adquirido a desfazer-se como um castelo de cartas.
poderia viver com muita coisa, dificilmente com a falta de seriedade . com acordos que são feitos, que condicionam a escolha das pessoas e que depois não são cumpridos e que ainda por cima lhes são esfregados na cara de uma forma aviltante: não pagamos não é porque não podemos mas porque é assim que as coisas são. esta premissa não pode continuar a servir sob pena de se voltar a um estado de coisas que se superou. estado de coisas para o qual aquele tipo que se dirigiu ao TEDH queria alertar.

há muito tempo, alguém que foi importante para mim disse-me que os amigos são os amigos (e eu tenho a sorte de ter amigos maravilhosos), mas que a família será sempre o último reduto, alguém que independentemente do que aconteça estará sempre lá.
na maioria dos dias, essa máxima é um pensamento constante mas algo adormecido. está dentro de nós e é óbvio, traz-nos uma segurança implícita, mas não é mais do que isso. nos dias menos bons, ganha vida. não deixa de ser surpreendente que perante aquilo que sentia, a minha família (a de sempre e aquela que só o falta ser na lei) tenha estado ao meu lado de uma forma que tenho dificuldades em definir, até porque se traduziu em posturas, necessariamente, diferentes. às vezes o apoio é confiança noutras oportunidades e admiração pelos nossos princípios e certeza quanto à força dos nossos motivos.

há pouco tempo, alguém que se torna a cada dia que passa mais importante para mim, disse-me a propósito da situação em que me encontro e das questões que levantou: «a vida é feita de momentos. o que interessa ter um conjunto de coisas? o que fica são os momentos». essa pessoa que surgiu recentemente na minha vida apoiou para a frente e não sei se imagina a importância disso. das frases sobre os momentos e de um conjunto de outras coisas. ajudou-me a reiterar a certeza que tenho há mais tempo para mim – não há um caminho lógico e pré-definido que possamos traçar a nível profissional, pelo menos se formos licenciados em determinadas áreas. temos de nos adaptar e sermos capazes de ir mais longe e de construir, de alguma forma, esse próprio caminho. essa pessoa faz-me ficar horas a falar em projectos e na forma de os pôr em prática e dá as mãos e os braços e partilha do meu esforço por um mundo melhor, ajudando a esquecer a desilusão e a olhar em frente.

e é em frente que olho. continuo a ser a mesma pessoa. continuo a querer ajudar as outras e ter uma vida simples. continuo a sonhar e isso dificilmente irá mudar.

parar de sonhar e resignarmos-nos a uma situação, cuja máxima é sintetizada num é assim que as coisas são, é meio caminho andado para nos esquecermos que estamos no mundo, acima de tudo, para sermos felizes e livres, não interessa se cantamos a que parva que eu sou ou a grândola ou a dona ligeirinha.

é um caminho perigoso, legitima o que não é justo, gera uma bola de neve que dá força a uma lógica de poder patológica tornando frases como a que se segue mais prementes:

There is no such thing as benevolent slavery. Involuntary servitude, even if tempered by humane treatment, is still slavery. Nuremberg Trial, the Pohl Trial,1947