O futebol era uma merda

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Isto é um apanhado de bizarrices, mas podia ser um apanhado dos melhores golos do mundial de 70 que a conclusão era a mesma. Tudo aquilo que se passou antes dos anos 80 indicia que o futebol era uma merda. Havia grandes golos de longe, defesas razoáveis, uma ou outra triangulação intelegente, etc., mas nada que não se veja hoje em qualquer divisão dos nacionais. Onde estavam os defesas? Se sabiam que o Pelé chutava bem (para a época), porque é que deixavam chutar? Mesmo a Holanda de Cruyff e a Alemanha de Beckenbauer (um avanço face a 1970) seriam goleadas pela pior equipa da Liga Vitalis 2009/2010.

O que não dá para perceber é como é que um país que mandou 40% da sua população para o Maracanã em 1950 ver a verde-amarela perder a final, chega a 1970 com uma selecção fraquinha e ganha o mundial mais fácil do pós-guerra. Mais, nas suas várias versões fraquinhas entre 1958 e 1970, a verda-amarela ganhou todos os mundiais
em que não foi arrumada pelo Glorioso dos anos 60 mais um lagarto qualquer. Vinte anos de futebol pouco fizeram pelo futebol.

Quarenta anos depois, uma verde-amarela excelente, em que não há lugar para David Luiz, Pato, Ganso, nem, imagine-se, para o Pedro Silva, deve ganhar o mundial (a outra selecção simultaneamente organizada e talentosa, a Espanha, só sabe jogar contra equipas que acham que uma sequência de 10 passes seguidos no meio-campo é perigosa e que se desorientam com ela, ou seja, todas menos o Brasil, a Itália, os Estados Unidos, talvez a França, talvez a Alemanha, e, se Deus quiser e o Amorim jogar, Portugal), mas não é certo. Passar o grupo em 2010 é mais difícil do que foi ganhar em 1970.

O futebol deste mundial nao é o futebol da liga dos campeões. Há lugar para três selecções asiáticas (duas das quais começaram a ganhar) e para a Nova Zelândia na fase de grupos, e na fase a eliminar grande parte dos jogadores ja está cansada do seu mister e cheia de inveja dos colegas que estão na praia. Depois, não é fácil construir uma equipa com um jogo por mês. Não por acaso, as únicas vezes que Portugal cheirou a taça de uma grande competição (em 2000 e 2006 não cheirámos a taça, cheirámos a França do Zidane e toda a gente soube que acabava ali, tanto que em 2006 a estratégia era tentar cruzar para a área no preciso momento em que o Ronaldo e/ou o Postiga se atiravam para o chão, e pôr os braços no ar no timing perfeito imitando a inimitável expressão facial choramingas do Jorge Costa, estratégia esta a que se chama jogar no erro do árbitro, e que falhou porque a expressão choramingas do Jorge Costa é inimitável, claro) a equipa tinha por base o Glorioso de 1966 ou os andrades de 2004. Mas pelo menos quando um tipo está a ver um jogo deste Mundial nao fica a pensar porque é que a TF1 está a passar um jogo de solteiros contra casados jogado num estádio cheio, como pensaria se viajasse no tempo para 1970. E com sorte há de ver um jogo tão bom como este, ou este.

5 comentários:

dondoca disse...

conclusão: em 1970 não havia:

http://img.dailymail.co.uk/i/pix/2008/04_01/chelseaES3103_468x382.jpg

Viseu Esquerda disse...

parece que não era verde amarela mas sim branca e azul, e que de tanto azar ou azia, nunca mais foi envergada nem considerada na selecção brasileira.

Gersão disse...

"e, se Deus quiser e o Amorim jogar"

Não subestimando o poder deste bom jogador, que apesar de ter sido a 25ª escolha e ter 4 dias de treino joga (dúvidas acerca da sanidade mental do Queirós desfeitas), diria que Portugal nem com Pepe, Bosingwa e Nani no topo da forma lá ia, quanto mais sem eles.

hf disse...

o glorioso da altura era também uma gloriosa merda, o que por decência, amor ao decoro e respeito ao futebol a sério faz com que só deveriam contar os campeonatos depois de 75

Anónimo disse...

Só para dizer que o Brasil em 94 quando regressou aos titulo depois de 70, jogou de azul!