eu - tu. tu - eu (?)
me and you and everyone we know - miranda july
é com alguma saudade que me lembro dos tótós dos meus amigos abanarem a cabeça e estamparem na cara o ar de «estás perdida» por ter visto, vezes sem conta, este filme. pois é meninos continuo a adorar, façam lá o ar à vontade!
josé saramago 1922-2010
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'levantado do chão', José Saramago
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No domingo foram os quatro à praça e não arranjaram patrão. E no outro, e no outro também. O latifúndio tem boa memória e fácil comunicação, nada lhes escapa, vai passando palavra, e só quando muito bem lhe parecer dará o feito por perdoado, mas esquecido nunca. Quando enfim conseguiram trabalho, foi cada um para o seu lado. Manuel Espada teve de ir guardar porcos e nessa vida pastoril se encontrou com António Mau-Tempo, de quem mais tarde, em chegando o tempo próprio, virá a ser cunhado.
(...)'levantado do chão', José Saramago
O futebol era uma merda
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Isto é um apanhado de bizarrices, mas podia ser um apanhado dos melhores golos do mundial de 70 que a conclusão era a mesma. Tudo aquilo que se passou antes dos anos 80 indicia que o futebol era uma merda. Havia grandes golos de longe, defesas razoáveis, uma ou outra triangulação intelegente, etc., mas nada que não se veja hoje em qualquer divisão dos nacionais. Onde estavam os defesas? Se sabiam que o Pelé chutava bem (para a época), porque é que deixavam chutar? Mesmo a Holanda de Cruyff e a Alemanha de Beckenbauer (um avanço face a 1970) seriam goleadas pela pior equipa da Liga Vitalis 2009/2010.
O que não dá para perceber é como é que um país que mandou 40% da sua população para o Maracanã em 1950 ver a verde-amarela perder a final, chega a 1970 com uma selecção fraquinha e ganha o mundial mais fácil do pós-guerra. Mais, nas suas várias versões fraquinhas entre 1958 e 1970, a verda-amarela ganhou todos os mundiais em que não foi arrumada pelo Glorioso dos anos 60 mais um lagarto qualquer. Vinte anos de futebol pouco fizeram pelo futebol.
Quarenta anos depois, uma verde-amarela excelente, em que não há lugar para David Luiz, Pato, Ganso, nem, imagine-se, para o Pedro Silva, deve ganhar o mundial (a outra selecção simultaneamente organizada e talentosa, a Espanha, só sabe jogar contra equipas que acham que uma sequência de 10 passes seguidos no meio-campo é perigosa e que se desorientam com ela, ou seja, todas menos o Brasil, a Itália, os Estados Unidos, talvez a França, talvez a Alemanha, e, se Deus quiser e o Amorim jogar, Portugal), mas não é certo. Passar o grupo em 2010 é mais difícil do que foi ganhar em 1970.
O futebol deste mundial nao é o futebol da liga dos campeões. Há lugar para três selecções asiáticas (duas das quais começaram a ganhar) e para a Nova Zelândia na fase de grupos, e na fase a eliminar grande parte dos jogadores ja está cansada do seu mister e cheia de inveja dos colegas que estão na praia. Depois, não é fácil construir uma equipa com um jogo por mês. Não por acaso, as únicas vezes que Portugal cheirou a taça de uma grande competição (em 2000 e 2006 não cheirámos a taça, cheirámos a França do Zidane e toda a gente soube que acabava ali, tanto que em 2006 a estratégia era tentar cruzar para a área no preciso momento em que o Ronaldo e/ou o Postiga se atiravam para o chão, e pôr os braços no ar no timing perfeito imitando a inimitável expressão facial choramingas do Jorge Costa, estratégia esta a que se chama jogar no erro do árbitro, e que falhou porque a expressão choramingas do Jorge Costa é inimitável, claro) a equipa tinha por base o Glorioso de 1966 ou os andrades de 2004. Mas pelo menos quando um tipo está a ver um jogo deste Mundial nao fica a pensar porque é que a TF1 está a passar um jogo de solteiros contra casados jogado num estádio cheio, como pensaria se viajasse no tempo para 1970. E com sorte há de ver um jogo tão bom como este, ou este.
Isto é um apanhado de bizarrices, mas podia ser um apanhado dos melhores golos do mundial de 70 que a conclusão era a mesma. Tudo aquilo que se passou antes dos anos 80 indicia que o futebol era uma merda. Havia grandes golos de longe, defesas razoáveis, uma ou outra triangulação intelegente, etc., mas nada que não se veja hoje em qualquer divisão dos nacionais. Onde estavam os defesas? Se sabiam que o Pelé chutava bem (para a época), porque é que deixavam chutar? Mesmo a Holanda de Cruyff e a Alemanha de Beckenbauer (um avanço face a 1970) seriam goleadas pela pior equipa da Liga Vitalis 2009/2010.
O que não dá para perceber é como é que um país que mandou 40% da sua população para o Maracanã em 1950 ver a verde-amarela perder a final, chega a 1970 com uma selecção fraquinha e ganha o mundial mais fácil do pós-guerra. Mais, nas suas várias versões fraquinhas entre 1958 e 1970, a verda-amarela ganhou todos os mundiais em que não foi arrumada pelo Glorioso dos anos 60 mais um lagarto qualquer. Vinte anos de futebol pouco fizeram pelo futebol.
Quarenta anos depois, uma verde-amarela excelente, em que não há lugar para David Luiz, Pato, Ganso, nem, imagine-se, para o Pedro Silva, deve ganhar o mundial (a outra selecção simultaneamente organizada e talentosa, a Espanha, só sabe jogar contra equipas que acham que uma sequência de 10 passes seguidos no meio-campo é perigosa e que se desorientam com ela, ou seja, todas menos o Brasil, a Itália, os Estados Unidos, talvez a França, talvez a Alemanha, e, se Deus quiser e o Amorim jogar, Portugal), mas não é certo. Passar o grupo em 2010 é mais difícil do que foi ganhar em 1970.
O futebol deste mundial nao é o futebol da liga dos campeões. Há lugar para três selecções asiáticas (duas das quais começaram a ganhar) e para a Nova Zelândia na fase de grupos, e na fase a eliminar grande parte dos jogadores ja está cansada do seu mister e cheia de inveja dos colegas que estão na praia. Depois, não é fácil construir uma equipa com um jogo por mês. Não por acaso, as únicas vezes que Portugal cheirou a taça de uma grande competição (em 2000 e 2006 não cheirámos a taça, cheirámos a França do Zidane e toda a gente soube que acabava ali, tanto que em 2006 a estratégia era tentar cruzar para a área no preciso momento em que o Ronaldo e/ou o Postiga se atiravam para o chão, e pôr os braços no ar no timing perfeito imitando a inimitável expressão facial choramingas do Jorge Costa, estratégia esta a que se chama jogar no erro do árbitro, e que falhou porque a expressão choramingas do Jorge Costa é inimitável, claro) a equipa tinha por base o Glorioso de 1966 ou os andrades de 2004. Mas pelo menos quando um tipo está a ver um jogo deste Mundial nao fica a pensar porque é que a TF1 está a passar um jogo de solteiros contra casados jogado num estádio cheio, como pensaria se viajasse no tempo para 1970. E com sorte há de ver um jogo tão bom como este, ou este.
"your hips are too big for an asian girl."
hoje depois do exame de direito internacional humanitário, eu e as minhas colegas mais próximas fomos almoçar para comemorar o aniversário da sanja, que foi ontem.
no meio da conversa, surge uma daquelas histórias só possíveis entre mulheres. a propósito de outra colega (não próxima, que eu não sou assim tão boa pessoa) disse a minha colega tailandesa...
«...and then she told me:
- your hips are too big for an asian girl.
- it seems that you know a lot of asian girls...
- no i don't, i've just read in some book that asian girls are supposed to be very thin compared to the others, with no hips, and i think you are not.»
e com isto destrói-se a auto-estima de uma mulher num segundo (se a pantip tem muita anca, eu tenho o quê?), mesmo que a pessoa de quem provieram os simpáticos comentários, seja a maior chata do mestrado.
coisa de mulheres, âh?
a room of one's own
na sexta-feira, foi o 'career day' (que inclui um cocktail), que dá por fim o mestrado. o objectivo é proporcionar aos estudantes, do mestrado em direito humanitário e direitos humanos, uma perspectiva do que será o mercado de trabalho e das opções que estão ao nosso alcance.
já me tinha sentido deprimida, desesperada com um conjunto de coisas relativas ao mestrado e ao que está à volta - mas o gosto, pelo mesmo, prevaleceu sempre (prevalece) - mas nunca como na sexta-feira.
a verdade é que o curso de direito me trouxe inúmeras desilusões e tirando umas quantas cadeiras e uns quantos professores, não posso dizer que me tenha preenchido por aí além - mas será que haveria outro que o fizesse? as bases foram muito importantes e, sem dúvida, um caminho até ao mestrado, de que tanto gosto. sempre me chateou o que representava o 'mundo da lei'. os conhecimentos estratégicos que fariam a diferença, a média (ponto capital), e muito pouco a paixão. achei que para o direito internacional - especialmente o direito humanitário e os direitos humanos - o essencial era, precisamente, a paixão. segundo os representantes das ONGs, da ONU, do mundo académico, não. são uma vez mais os conhecimentos estratégicos, 'construir uma rede de conhecimentos sólidos, fazer-se notar aos professores (e outros) que podem ajudar - e eu que continuo a achar que só devo falar quando tenho qualquer coisa importante para dizer, e, secalhar, é esse o problema, e tenho poucas coisas interessantes a dizer. ('mas há muitas opcções' - sim, claro).
para além do chavão conhecimentos estratégicos , os estágios não pagos (e sucessivos, já não chega um têm de ser três) como o dado mais adquirido da história, e trabalhar 24 horas por dia para «construir a nossa carreira» ('não há sábados, não há inverno, não há verão, não há férias, não me lembro da última vez que passei uma hora com a minha filha'), o que mais me chocou foi a artificialidade que não deixa de estar presente por entre aqueles que estão, do lado mais activo, a construir um mundo melhor.
o Pacto Internacional de Direitos Económicos, Sociais e Culturais diz no seu artigo 6º,nº1:
"Os Estados-Signatários no presente Pacto reconhecem o direito ao trabalho, que compreende o direito de toda a pessoa ter a oportunidade de ganhar a vida através de um trabalho livremente escolhido ou aceite e comprometem-se a tomar as medidas adequadas para garantir este direito."
será que quem visa assegurar direitos como este, o faz colocando-os em causa? em que medida é que alguém que sacrifica o seu direito a usufruir, por exemplo, do seu direito à família, o está a promover?
pensei bastante, durante o fim-se-semana, no 'career day'. cheguei a algumas conclusões, sim. não serei, muito possivelmente, alguém com a capacidade de se fazer notar e muito dificilmente abdicarei de coisas que considero essenciais para ser a pessoa que sou. não serei capaz de renunciar aos meus sonhos (ser mãe, fazer tartes de morangos. ler coisas diferentes de direito, estar a conversar com o p sem contar as horas, dar um pouco de mim aqueles que gosto) e não quero. ao mesmo tempo, encontrei uma motivação adicional e contraditória para os exames e para a tese que não sei bem explicar. de vez em quando vem-me à cabeça a expressão que alguém utilizou «geek dos direitos humanos», o desespero dos meus colegas, a falta de sensibiliadade e tecnicismo de alguns dos mais conceituados experts, mas já não me sinto como na sexta-feira. talvez porque pensar nisto me fez visitar quem sou e conhecer-me melhor.
não sei o que me espera, sei que gosto de ajudar os outros, mas também sei que prefiro entregar os lápis que são necessários para que uns quantos miúdos, que não os têm, possam desenhar, do que ser a pessoa que vai mudar o mundo inteiro, graças à sua rede de 'conhecimentos de excelência'.
e amanhã, estudo para os exames, mas não deixo de ser quem sou.
é fim de semana e está calor - yei!
a moment, a love
a dream, a laugh
a kiss, a cry
our rights, our wrongs
a moment, a love
...
bom fim-de-semana*
a dream, a laugh
a kiss, a cry
our rights, our wrongs
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...
bom fim-de-semana*
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