divagação i


não sei muito bem o que orienta este meu escrito. queria falar sobre o amor, a confiança, em nós próprios e em como tudo correrá bem, como se interligam, condicionam, alimentam e são...
não tenho uma ideia clara (questiono-me mesmo se o publico, se não), mas vou escrevendo. não tenho a capacidade para me desligar das pessoas e centrar-me em absoluto no trabalho, não sou capaz de não sentir que embora ganhasse mais tempo e, talvez, mais confiança, porque o trabalho ia mais adiantado, fosse o melhor. não sou assim e teve sempre pena e culpei-me por isso. hoje percebi que a confiança tem tudo a ver com o amor (aliás todas as coisas boas da vida) e que, estando em causa a partida do nosso amor, ainda que o vejamos daqui a quinze dias, o trabalho ocupa necessariamente um segundo plano. percebi isso, porque ouvi opiniões contrárias e depois ouvi-me a mim. percebi que não o faço muitas vezes e que me preocupei a vida toda com o que as pessoas pensam, não no sentido que nos devemos preocupar todos - para sermos mais flexíveis, para sabermos escutar - mas de uma forma que condicionava toda a minha confiança, em mim, nas minhas capacidades. fazia comparações constantes. estabelecia ligações intrínsecas entre os bons resultados profissionais dos outros, os seus comportamentos, formas de estar. hoje escutei-me, e percebi que os bons resultados estão em nós, e só eu posso saber quem sou e onde os encaixar.
a minha forma de ver a vida, de ser, de estar não me deixa pôr o amor de lado, tentar conciliá-lo num horário como se de um compromisso se tratasse. não. o amor é a minha confiança, a minha maior força, a última das motivações e se é ele que está na base da minha escolha profissional, como poderia ser fria, rigorosa com o propósito de atingir os meios para realizar essa escolha? perderia o sentido, seria desonesto comigo própria e acima de tudo não conseguiria (agora consigo dizê-lo e senti-lo mais alto).
não sei se este texto faz muito sentido, é uma espécie de monólogo antes de me deitar e de me sentir mais feliz (e tem sido uma constante) por me descobrir e aceitar como sou. é como se algumas das melhores coisas de criança voltassem, o acreditar (que foi sempre o meu trevo de 4 folhas) que me deixou durante uns anos, voltasse para me lembrar «olá, esta és tu. acreditas em borboletas como sinal de coisas boas, mas mudaste, agora não são só as borboletas, és tu». e isso veio com o amor.

não posso deixar de me lembrar da frase que me lembrará sempre 'a melhor juventude', tutto quanto esiste é bello.

1 comentário:

P disse...

Identifico-me com esta forma integrada de viver. Talvez por isso a minha carreira académica tenha corrido menos célere mas, como costumo dizer, tenho uma vida para além da universidade. Tenho acabado por fazer as coisas, o mestrado, o doutoramento e namorei com a mulher que amo, casei com ela, fui tendo os filhos, com quem gosto de estar e gosto de sair com eles e de sairmos só os dois e o trabalho, que tem de se fazer, faz-se mas não é o meu eixo (eu gostava mesmo que fosse assim...), pelo menos não é o que me preenvhe nem me obriga a prescindir dos afectos. No final da vida, o que fica, a solidão de uma carreira estratosférica? Dispenso, obrigado. Gosto de ser reconhecido pelo que faço mas, acima de tudo, pelo que sou. Às vezes dizem-me que sou pouco ambicioso... talvez... depende de que estamos a falar. Ainda ontem, uma amiga me dizia que não namorava com o marido há n tempo e que isto e que aquilo. Eu sugeri-lhe que saísse dois dias e fosse... "Ah, não posso, quem me dera poder fazer como tu! Tenho imenso trabalho!" E eu não tenho? Podemos pôr algum do trabalho em stand-by mas não o amor, o carinho, etc.
Desculpa o ter-me estendido no comentário mas apeteceu-me porque falamos muito disto aqui em casa, até com os miúdos, para que percebam onde estão as nossas prioridades.
continua feliz

(aparte: Clara é um lindíssimo nome.)